Minha jornada é longa, meu caminho é vezes vazio, vezes frio.
Vou caminhando entre dias de força e dias de pura queda.
Eu caminho. Sou andarilha de algo que não escolhi buscar, mas que necessito.
Os pés doem. O chão é cruel, é seco. E sua secura crua e negra tende a me sugar para seu interior.
Mantenho essa jornada em silêncio. Um lugar escondido, perdido através das trilhas que eu, cega, cavei. Que eu, em solo seco, vou cavando em busca.
Em busca, em busca, em busca.
E é tão precioso. Tão maravilhosamente singular que mantém minha turva visão persistente.
Mantém minhas pernas bambas a me sustentar.
A aridez corrói, faz sulcos em lugares que minha pobre alma desprotegida não consegue reparar.
Vou esvaindo, sangrando, secando.
Vou arrastando, vou implorando.
Vou através de uma prece sem palavras, um grito sem voz, um pranto sem lágrimas.
Cruzo, ando, caminho.
Tropeço, caio, enfraqueço.
Mas eu busco.
Eu busco, eu busco, eu busco.
Há de vir, há de ser encontrado.
Há de essa caçada ter motivo e ter seu fim em uma doce e fugaz epifania.
Eis que esse suplício, esse pesado fardo, essa tão difícil missão terá seu fim.
Não há desistência. Há fraqueza. Mas há a retomada também.
Eu busco.
Eu busco, eu sigo em busca, eu mantenho minha procura.
Eu mantenho a reza, a oração.
Eu mantenho, eu sigo, eu vou.
Eu sigo.
Eu vou nessa busca esperando que um dia ela se torne meu venha cá.
E ainda não parei de procurar.
Sttela Vasco.